quarta-feira, 4 de setembro de 2013

ESCLEPÍADES

Pois é, depois de um longo e ensolarado inverno, tipicamente maranhense, resolvi voltar a blogar. E a motivação é mais que justa - trata-se de um homem cuja vida faz jus ao seu nome. Não vou explicar o que é Asclépio, quem quiser saber ponha os óculos de mergulho (google).

Não tenho imagens cândidas da sua presença, não tenho guardado em minha memória, gestos de carinhos físicos ou palavras doces. Tenho a imagem marmorizada de um operário erudito, de um poeta de mãos calosas, um gourmet que me ensinou o prazer do café com farinha, de um homem sem posses de quem herdei riquezas, valores familiares e retidão de caráter.

Sua lida, solitária por opção, deu qualidade à sua transitória presença, minha perspectiva infantil, via como festa tua chegada, o clima de família reunida, completa, causada por sua folga periódica. Sua partida, se era furtiva para se esquivar da despedida ou se foi gentilmente apagada da minha memória, não ocupa minha mente.

Sua disciplina de bronze, saúde de ferro e retidão de aço, me proporcionam hoje, saber o que fazer com dilemas éticos e morais. Nunca te vi relativizar o errado, premiar a preguiça, ou enaltecer a negligência. Nas tuas chegadas, não te deitavas como um sultão envaidecido da dura labuta, trabalhavas diligentemente para ajudar a manter a casa. Eras eletricista, encanador, pintor, pedreiro, jardineiro e montador de árvore de natal.

Não sei quantas vezes, no meio da floresta amazônica ou em alto mar, sentiste medo em secreto, da responsabilidade de tanta gente sob teu teto, tantos filhos, tanta coisa e a impotência da distância e o isolamento forçado pela falta de um simples telefone.

Quero honrar, neste dia comum, os atos silenciosos de heroísmo de um pai comum. Um homem sem posses, sem tesouros de papel ou metal, que plantou dentro de nós, tesouros importantes que a traça e a ferrugem não corroem, como diz Jesus. E isso não é o eufemismo de pobre, é a certeza de que riquezas materiais não transmitem os mesmos valores e muito menos os compra.

Ainda hoje, quando te abraço, rogo a Deus que te abençoe e te proteja. Como assim fizeste conosco por tantos anos em parceria indelével com nossa mãe que já se foi para perto de Deus.

Bença papai?

domingo, 9 de junho de 2013

TER OU NÃO TER, EIS A ILUSÃO

Não tem jeito mesmo, o ser humano é impossível! Uma maniazinha chata de achar que não é diferente, que não é uma obra-prima por si só... Adora exclusividade, vanguarda, gosta de chocar, de acontecer, abalar. Um porre!

Facebook então, o filhote de Orkut que se transformou numa praça de "aparecidos" numa arena de esquecidos, doidos para serem lembrados a todo (e a todo mesmo) custo. Esfolando animais inocentes, tirando a roupa, fazendo, de pose de meretriz a pose de go-go-boy, só pra chocar e fazer tipo. Vendo de perto, é gente igualzinho ao seu primo ou a sua tia - talvez faltando um parafuso diferente - mas sempre faltando um parafuso. Afinal de contas, quem tem todos?

As redes sociais colocaram nas mãos das pessoas, uma lente de aumento voltada para o mundo. Se alguém apontar sua lupa na cara de um qualquer na hora certa, não vai levar mais de uma semana para ser entrevistado pelo Jô Soares ou pela Marília Gabriela. Só não vai ser entrevistado pelo Faustão porque ele mesmo não deixa ninguém falar.

Daí, o que sobra da velha certeza das coisas, é se sustentar até que a próxima frase de efeito seja postada. Até que alguém venha e transforme, o finado Chorão, numa espécie de mártir intelectual incompreendido e injustiçado pela mesma indústria que o divulgou. Assim fizeram desde Elis Regina, se bem me lembro, passando por outras pessoas comuns como eu e você, com problemas comuns como os meus e os seus. 

Daí, Renato Russo, Cazuza, Cássia Eller, Michael Jackson, Jimi Hendrix, River Phoenix, Marilyn Monroe, Kurt Cobain, Jim Morrison, Raul Seixas, Amy Winehouse, Tim Maia e outros tantos, viraram estandarte cultural porque alguém com um bom domínio das palavras, influencia os iletrados conectados a "curtir", "compartilhar" e pior, "comentar", ajudando a consolidar a infeliz ideia de que não morreu só mais uma pessoa (importante só por ser gente), mas que foi uma perda irreparável para o mundo. Nesse aspecto, acho que prefiro os artistas de "combustão rápida" que somem na multidão depois de alguns dias de fama e dinheiro, suficientes para realizar o sonho da casa própria, fazer um senhor pé-de-meia e sumir após reconhecer que confundiu sorte e ocasião com talento.

Fico imaginando o Brasil com a seguinte estrutura administrativa escolhida pelo povo:
Sabrina Sato- Ministério da Educação
Andressa Soares - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
Ângela Bismarchi - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
Paula Fernandes - Ministério da Cultura 
Alexandre Frota - Ministério da Defesa 
Viviane Araújo - Ministério da "Fazenda"
Marco Feliciano - Ministério da Integração Nacional 
Roberto Justus - Ministério da "Justiça" 
Daniella Cicarelli - Ministério da Pesca e Aquicultura 
Silvio Santos - Ministério da Previdência Social 
Gracyanne Barbosa - Ministério da Saúde 
Gugu Liberato - Ministério das Cidades 
Fernanda Keulla - Ministério das Comunicações 
Tiririca - Ministério das Relações Exteriores 
Pelé - Ministério de Minas e Energia 
Sérgio Reis - Ministério do Desenvolvimento Agrário 
Ana Maria Braga - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 
Michel Teló - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
Neymar - Ministério do Esporte 
Eike Batista - Ministério do Meio Ambiente 
Geisy Arruda - Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão 
Bruna Marquezine - Ministério do Trabalho e Emprego 
Nicole Bahls - Ministério do Turismo 
Rubens Barrichello - Ministério dos Transportes

Eu ainda estou dando conta dos ilustres da minha terra que são muitos e conheço poucos. E ainda estou na lista da literatura:

Miguel Veiga - Artista Plástico e Professor
Odilo Costa Filho - Dramaturgo e Escritor
Odorico Mendes - Jornalista e Escritor
Cândido Mendes de Almeida - Jurista, Historiador, Geógrafo e político
Aluísio Azevedo - Escritor
Arthur Azevedo - Ensaísta e Escritor
Bandeira Tribuzi - Poeta e Escritor
Carlos Cunha - Poeta e Escritor
Coelho Neto - Poeta e escritor. Autor do termo "cidade maravilhosa" em homenagem ao Rio de Janeiro
Estevam Ângelo de Souza - Escritor e teólogo
Ferreira Gullar - Escritor
Franco de Sá - Escritor
Gonçalves Dias - Poeta e Escritor
Graça Aranha - Escritor
Humberto de Campos- Jornalista e Escritor
João Lisboa - Jornalista e Escritor
João Mohana - Escritor
Joaquim Gomes de Sousa - Escritor e Matemático
Joaquim Serra - Escritor
José Louzeiro - Escritor
Josué Montello - Escritor
Lino Moreira- escritor e Presidente da Academia Maranhense de Letras
Maria Firmina dos Reis - Primeira Poetisa e Escritora Maranhense
Nauro Machado - escritor
Rui Moreira Lima - Aviador militar brasileiro e autor do livro Senta a Pua!, no qual conta as memórias dos combates no teatro de operações na Itália.
Sotero dos Reis - Escritor
Sousândrade - Escritor
Viriato Correia - Escritor

Num país onde, segundo Luiz Gonzaga, as blusas terminam cedo e os shorts e as saias começam tarde, onde se incentiva as crianças ao mau-gosto musical, onde se enxerga romance e glamour no primitivismo estético das bandas de pseudo-forró, o "símbolo augusto da paz" que Olavo Bilac descreveu com tanto amor e carinho, virou um trapo sujo escondido na última gaveta da cômoda velha do quarto dos fundos, fedendo a fralda suja depois que a última banda de forró limpou o que sobrou da sua última inspiração "musical".

domingo, 14 de abril de 2013

DE ANALFABETO PARA ANALFAINFO

Olha, se escrever errado fosse crime e se crime no Brasil fosse punido, e punido com exílio, seria o fim dos congestionamentos, das faltas de leito nos hospitais, do desemprego, da crise energética, tributária e eleitoral. Só tenho pena dos pais ou da ilha remota que receberia essa cambada de gente que insiste em assassinar sua língua nativa com requintes de crueldade, digno da Família Manson.

Veja abaixo as pérolas retiradas da internet, com a referida fonte onde omito a identidade dos celerados.

eu adoro bike,adoro de mais mas jogos de xbox 360 tamben e agora que to com $$ no bolso quero compra mas nao sei qual me ajudem!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
cara tem jogo barato da para compra os dois

O que mais te deixa irritado na vida? Tem sempre uma coisa que ninguém tolera !?  
Falcidade e hipocrisia
Não tolero gente que fala mal dos outros e logo depois diz " Cada um com a sua vida né quem é agente pra julgar "

Você gosta de fazer pescaria ?

Melhor resposta - Escolhida pelo autor da pergunta
eu fasso todo final e semana!!g

A natureza sempre vai dar a volta por cima ?
Melhor resposta - Escolhida pelo autor da pergunta
acho q um dia ela si cansa!!

Fonte:Yahoo Respostas

Alguns, defendem que "gênios" assim sempre existiram e que apenas a internet os trouxe para (argh!) perto dos nossos olhos. Eu tenho minhas dúvidas. Acredito que o problema não está em grafar uma palavra errada mas em não se importar em demonstrar que não sabe escrever. Isso sim, é uma calamidade.

Outra marca inconfundível de que vivemos tempos difíceis são os ECN (Especialistas em Coisa Nenhuma) que eu só não chamei de EPN por respeito à você que está lendo meu post neste exato momento. Mas é muito chata essa turma que passa dois dias morando de favor na casa da prima da vizinha de um cabo da aeronáutica e quando encontra os amigos dá longas explicações sobre aviação. Se um tipo desses tiver lido a cópia mimeografada do prefácio da biografia de Søren Kierkegaard, não vai fazer um, dois, três ou quatro, mas centenas de Discursos Edificantes e se acharão intelectualmente semelhantes a Martin Heidegger, Friedrich Hegel, Jean‑Paul Sartre, Friedrich Nietzsche ou Immanuel Kant. Isso CONCERTEZA!

domingo, 31 de março de 2013

PESSACH OU GULA DE CHOCOLATE?

Se fosse para cantar a famosa cantiga de páscoa da maneira como surgiu, começaria assim: Lebrezinha de Eostre que suas entranhas trazem de sorte pra mim?. Muito menos comercialmente interessante do que o conhecido Coelhinho da páscoa, que trazes pra mim? Já que a nossa cultura, mais uma vez misturou, até perder de vista, o sentido verdadeiro da páscoa.


A Páscoa celebra a ressurreição de Jesus Cristo e é o dia santo mais importante do calendário cristão. Depois que Ele se entregou à morte, ressurgiu ao terceiro dia e ascendeu aos céus prometendo que seu espírito estaria conosco todos os dias até a consumação do mundo.

Em alguns países cultiva-se a tradição de presentear parentes e amigos com ovos cozidos pintados com cores brilhantes. Essa tradição pagã não tem nenhuma relação com a verdadeira páscoa, fazendo alusão a Ostera, Ostara ou Esther uma deusa da primavera da mitologia européia da idade média que originou a festa denominada Easter essa deusa tem em suas mãos um ovo (simbolo de uma nova vida) e observa uma lebre (simbolo de fertilidade) que está saltitando ao seu redor. Ostara equivale a Deméter na mitologia grega e Ceres na mitologia romana. Já as sacerdotisas de Gefjun, eram ditas capazes de prever o futuro observando as entranhas de uma lebre sacrificada (de onde vem a versão macabra do coelhinho da páscoa presente no primeiro parágrafo). Também trocavam-se ovos pintados para comemorar o Equinócio de Primavera (21 de março) e Eduardo I da Inglaterra começou a banhar ovos com ouro para presentear seus súditos preferidos. Luis XIV de França os mandava pintados e decorados como presentes, iniciando a moda de fazê-los artificiais (madeira, pedra, metais) até que um dia, um joalheiro chamado  Karl Socatelli Gustavovich Fabergé ficou conhecido no mundo como Peter Carl Fabergé por seus famosos Ovos Fabergé criados originalmente para que o czar russo presenteasse seus familiares. E finalmente os ovos de chocolate, como os conhecemos hoje, vieram dos pâtissiers franceses - não se impressione, pâtissier é padeiro em francês - que recheavam ovos de galinha com chocolate depois de esvaziá-los da clara e da gema e os pintavam por fora.

Distantes destas informações, nossos parentes, amigos, vizinhos e conterrâneos batem de ombros em supermercados e lojas de conveniência para "garantir" o(s) ovo(s) de páscoa que estão sendo entregues hoje aos ansiosos chocólatras, mirins e adultos que "tão nem aí" se a mãe empenhou a calcinha ou se o pai deixou os dele para trazer os do coelho.

Eu não sei dizer exatamente porque, justamente no período onde os ensinamentos cristãos nos orientam a jejuar, existe tanta comilança de doce. Talvez com a finalidade de dar "uma afastada geral, só pra garantir" do verdadeiro sentido das coisas e deixar a mente das pessoas ainda mais anestesiadas para o conhecimento e para a construção de uma identidade cultural independente.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

CARNIS VALLES VIROU CERVISIA VALLES?

Exatamente uma semana antes do início dos quarenta dias de jejum da Páscoa, uma festa realizada num dia conhecido na França como Mardi Gras (terça-feira gorda em português) tem por objetivo comemorar os prazeres da carne. Tendo sua origem ligada a fartura e aos prazeres da abundância na vida das pessoas, no Brasil essa abundância acabou tendo uma interpretação diferente, gerando neste período uma quantidade enorme de "abundâncias" à mostra nas ruas e principalmente na TV.

Nada contra a uma bela abundância, até entendo que nossos instintos interpretem essas formas como "reprodutivamente viáveis", entendo também que o provérbio português (tudo demais é sobra) demonstra que alguns limites talvez tenham sido ultrapassados.

E por falar em limites, temos o consumo da cerveja e de todas as outras "colas" sociais usadas abusivamente durante o reinado do obeso, com seus limites sendo ultrapassados como se a sensatez fosse conduzida pelo Barrichello.

Muitos jovens viajam para as cidades do interior para passar o carnaval tomando todas e tomando decisões importantes sobre quem dirige o carro, se faz sexo ou não, se cheira ou não cheira, se fuma ou não fuma,  no período em que há pouco sangue na corrente alcoólica. Espero que todos voltem sãos e salvos, que nenhum deles perca a vida. Principalmente agora que a quarta-feira de cinzas recebeu o componente "chuva forte" na viagem de volta dos foliões.

Ontem, enquanto comprava seis garrafas de água mineral em um supermercado para hidratar um programa família, acompanhei a aquisição de oito garrafas de vinho e o consumo de uma cerveja long neck por um senhor que pagou a bebida em dinheiro por estar sem condições de falar para a balconista se queria comprar a crédito ou a débito e muito menos digitar a senha do cartão. O mais triste é que ele não estava acompanhado e carregava as chaves de um carro em uma das mãos.

Espero que neste carnaval (e nos próximos) muitas ultimas cervejas não sejam abertas, muitos carros sejam dirigidos por pessoas sóbrias em lugar dos seus condutores embriagados, muitos desentendimentos virem no máximo fim de festa e não fim de vida, muitas famílias resistam e vençam a luta contra o álcool e o carnaval volte um dia, a ser  uma celebração da fartura de vida e não uma sentença de morte regada a álcool, drogas e prostituição.

terça-feira, 22 de janeiro de 2013

O QUE HÁ DE BOM DENTRO DE VOCÊ?

Não é raro nos emocionarmos diante da TV com pessoas que realizaram atos de honestidade, desprendimento, amor ao próximo, compaixão, heroísmo (não estou falando dos participantes do big brother, viu Pedro Bial) e outros atos admiráveis. Esses são feitos legítimos e merecem o destaque dado pela mídia por se tratarem de histórias inspiradoras de pessoas especiais.

O que pode nos frustrar é encarar o fato de que essas mesmas pessoas, capazes de atos como esses, também têm seus legítimos momentos de ira e destempero. São pessoas comuns que uma hora para outra , sem qualquer aviso, podem ser capazes de atos não tão admiráveis assim, até mesmo abomináveis. E ao se deparar com essa realidade, você poderá até achar de que não se trata da mesma pessoa ou tudo não passa de um mal-entendido.

Daí vem a pergunta que intitula este post. O que há de bom dentro de você? Quão nobre são seus pensamentos e suas ações? Até que ponto você é capaz de ajudar ao próximo ou a um estranho? Quantos porcento dos seus atos de nobreza são recheados da mais pura vaidade em ser ovacionado com herói ou benfeitor? 

Essas perguntas não merecem sua resposta, merecem sua reflexão. Será que você conhece o impostor que vive dentro de você? Será que você seria capaz de pintar para si mesmo um quadro do tirano insensível e egoísta que habita seu coração? Será que você sabe até onde é capaz de ir, o que é capaz de fazer quando os interesses desse impostor conflitam com o que é certo, moral e ético?

Qualquer um de nós, quando perguntados sobre nossos defeitos e nossas qualidades, para que as relacionemos num papel ou até mesmo verbalmente, não pestanejamos em omitir os defeitos mais vis e colocarmos aqueles que sabemos ser menos ofensivos ou chocantes. Nos esmeramos em torcer a nossa memória em busca das nossas mais nobres qualidades mas ponderamos milhões de vezes antes de traçarmos o perfil do vigarista que escondemos e até tentamos não alimentar. Portanto não se trata desse momento quase infantil do ser humano em que ele vai se expor diante de outras pessoas e trata de maquiar sua imagem. Trata-se do momento da intimidade, do momento em que a pessoa está na companhia de si mesmo e encara o tal impostor.

Lemos em livros, cartazes em lugares públicos e em toneladas de posts nas redes sociais, as mais variadas frases de efeito a exemplificar uma conduta impecável. Assentimos com a cabeça e mentimos assim para nós mesmos - eu seria capaz de fazer isso também - movidos pela mais rasteira das vaidades, sem nem mesmo perceber que não temos certeza do que estamos falando, fazemos ares de bom samaritano e nos colocamos como partícipes desta conduta, como co-autores deste feito.

Uma dessas frases de efeito que explicam bem o que digo neste post é um dito provérbio onde um jovem índio conversa com o pajé da tribo que lhe diz: dentro de cada homem há dois cães que estão sempre lutando entre si, um deles é bom e o outro é mau. E o jovem índio pergunta: qual deles ganha a luta? Aquele que eu alimentar - responde o pajé.

Termino este post pensando em quantas estratégias de alimentação mirabolantes as pessoas são capazes de criar, só para não deixar o pobre cãozinho malvado perder a luta e nem morrer de fome, coitado.

sábado, 19 de janeiro de 2013

SEM TER O QUE DIZER

Desde a virada do ano que não escrevia nada no meu blog por pura falta de inspiração. Por isso resolvi escrever assim mesmo, sem a menor noção do que vou escrever. A estratégia é sair escrevendo e ver no que dá, ver se sai alguma coisa que possa ser publicada.

Para mim, escrever no meu blog é uma terapia com requintes de crueldade, é como se a cera da vela pingando na testa, produzisse a riqueza literária dos meus textos. Fico um pouco tenso e por vezes bastante satisfeito com o resultado, esperando que o próximo blog seja ainda mais criativo e interessante, embora algumas vezes eu tenha errado um ou outro ingrediente e o texto tenha ficado maçante, redundante, pobre ou monótono, mas nunca sem fundamento.

Hoje finalmente choveu um pouco o que amenizou o calor que tem causado insolação nos urubus e desidratação nos mandacarus. Choveu como quem tempera comida de hospital, o que não deu nem pra saída, até porque, depois que chove e o sol esquenta tudo de novo, a gente se sente meio brócolis, cozido no vapor.

Espero que o tempo de chuva chegue logo, já passamos por muito calor em 2012 e precisamos de uma trégua do astro-rei (não vozinha, não é o Roberto Carlos, pode ficar sentada que ninguém tá atirando rosas pra senhora)

Uma das coisas menos divertidas de se fazer no período chuvoso é voar. Lembro de todas as viagens que fiz nesse período chuvoso. As turbulências fazem de mim uma celebridade nos aviões. Todos acabam conhecendo e comentando sobre "aquele cara que deu vexame a viagem inteira".

Gosto muito do cheiro de terra molhada pela chuva. Frisei que é pela chuva porque da última vez que disse que gostava de cheiro de terra molhada, um amigo aprendiz de bozo mijou na terra e depois disse que eu podia cheirar à vontade. Desde então gosto de pontuar que curto o cheio de terra molhada pela chuva antes que outro engraçado tenha outra ideia com fluidos corporais.

Bom, como eu não estou inspirado mesmo, acho que vou parar por aqui e procurar alguma coisa para comer, até porque esse assunto me deu vontade de comer bolinho de... alguém adivinha?