domingo, 9 de junho de 2013

TER OU NÃO TER, EIS A ILUSÃO

Não tem jeito mesmo, o ser humano é impossível! Uma maniazinha chata de achar que não é diferente, que não é uma obra-prima por si só... Adora exclusividade, vanguarda, gosta de chocar, de acontecer, abalar. Um porre!

Facebook então, o filhote de Orkut que se transformou numa praça de "aparecidos" numa arena de esquecidos, doidos para serem lembrados a todo (e a todo mesmo) custo. Esfolando animais inocentes, tirando a roupa, fazendo, de pose de meretriz a pose de go-go-boy, só pra chocar e fazer tipo. Vendo de perto, é gente igualzinho ao seu primo ou a sua tia - talvez faltando um parafuso diferente - mas sempre faltando um parafuso. Afinal de contas, quem tem todos?

As redes sociais colocaram nas mãos das pessoas, uma lente de aumento voltada para o mundo. Se alguém apontar sua lupa na cara de um qualquer na hora certa, não vai levar mais de uma semana para ser entrevistado pelo Jô Soares ou pela Marília Gabriela. Só não vai ser entrevistado pelo Faustão porque ele mesmo não deixa ninguém falar.

Daí, o que sobra da velha certeza das coisas, é se sustentar até que a próxima frase de efeito seja postada. Até que alguém venha e transforme, o finado Chorão, numa espécie de mártir intelectual incompreendido e injustiçado pela mesma indústria que o divulgou. Assim fizeram desde Elis Regina, se bem me lembro, passando por outras pessoas comuns como eu e você, com problemas comuns como os meus e os seus. 

Daí, Renato Russo, Cazuza, Cássia Eller, Michael Jackson, Jimi Hendrix, River Phoenix, Marilyn Monroe, Kurt Cobain, Jim Morrison, Raul Seixas, Amy Winehouse, Tim Maia e outros tantos, viraram estandarte cultural porque alguém com um bom domínio das palavras, influencia os iletrados conectados a "curtir", "compartilhar" e pior, "comentar", ajudando a consolidar a infeliz ideia de que não morreu só mais uma pessoa (importante só por ser gente), mas que foi uma perda irreparável para o mundo. Nesse aspecto, acho que prefiro os artistas de "combustão rápida" que somem na multidão depois de alguns dias de fama e dinheiro, suficientes para realizar o sonho da casa própria, fazer um senhor pé-de-meia e sumir após reconhecer que confundiu sorte e ocasião com talento.

Fico imaginando o Brasil com a seguinte estrutura administrativa escolhida pelo povo:
Sabrina Sato- Ministério da Educação
Andressa Soares - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento 
Ângela Bismarchi - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
Paula Fernandes - Ministério da Cultura 
Alexandre Frota - Ministério da Defesa 
Viviane Araújo - Ministério da "Fazenda"
Marco Feliciano - Ministério da Integração Nacional 
Roberto Justus - Ministério da "Justiça" 
Daniella Cicarelli - Ministério da Pesca e Aquicultura 
Silvio Santos - Ministério da Previdência Social 
Gracyanne Barbosa - Ministério da Saúde 
Gugu Liberato - Ministério das Cidades 
Fernanda Keulla - Ministério das Comunicações 
Tiririca - Ministério das Relações Exteriores 
Pelé - Ministério de Minas e Energia 
Sérgio Reis - Ministério do Desenvolvimento Agrário 
Ana Maria Braga - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome 
Michel Teló - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior
Neymar - Ministério do Esporte 
Eike Batista - Ministério do Meio Ambiente 
Geisy Arruda - Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão 
Bruna Marquezine - Ministério do Trabalho e Emprego 
Nicole Bahls - Ministério do Turismo 
Rubens Barrichello - Ministério dos Transportes

Eu ainda estou dando conta dos ilustres da minha terra que são muitos e conheço poucos. E ainda estou na lista da literatura:

Miguel Veiga - Artista Plástico e Professor
Odilo Costa Filho - Dramaturgo e Escritor
Odorico Mendes - Jornalista e Escritor
Cândido Mendes de Almeida - Jurista, Historiador, Geógrafo e político
Aluísio Azevedo - Escritor
Arthur Azevedo - Ensaísta e Escritor
Bandeira Tribuzi - Poeta e Escritor
Carlos Cunha - Poeta e Escritor
Coelho Neto - Poeta e escritor. Autor do termo "cidade maravilhosa" em homenagem ao Rio de Janeiro
Estevam Ângelo de Souza - Escritor e teólogo
Ferreira Gullar - Escritor
Franco de Sá - Escritor
Gonçalves Dias - Poeta e Escritor
Graça Aranha - Escritor
Humberto de Campos- Jornalista e Escritor
João Lisboa - Jornalista e Escritor
João Mohana - Escritor
Joaquim Gomes de Sousa - Escritor e Matemático
Joaquim Serra - Escritor
José Louzeiro - Escritor
Josué Montello - Escritor
Lino Moreira- escritor e Presidente da Academia Maranhense de Letras
Maria Firmina dos Reis - Primeira Poetisa e Escritora Maranhense
Nauro Machado - escritor
Rui Moreira Lima - Aviador militar brasileiro e autor do livro Senta a Pua!, no qual conta as memórias dos combates no teatro de operações na Itália.
Sotero dos Reis - Escritor
Sousândrade - Escritor
Viriato Correia - Escritor

Num país onde, segundo Luiz Gonzaga, as blusas terminam cedo e os shorts e as saias começam tarde, onde se incentiva as crianças ao mau-gosto musical, onde se enxerga romance e glamour no primitivismo estético das bandas de pseudo-forró, o "símbolo augusto da paz" que Olavo Bilac descreveu com tanto amor e carinho, virou um trapo sujo escondido na última gaveta da cômoda velha do quarto dos fundos, fedendo a fralda suja depois que a última banda de forró limpou o que sobrou da sua última inspiração "musical".