O tempo é atroz, sim, tira tanta coisa da gente... Tira cabelos, dentes, tesão e até a elasticidade da pele. As rugas, que dão tanto dinheiro para a cosmetologia, por conta de tanta gente querendo fingir que não envelhece. Mas até que o tempo traz coisas boas. A gente fica mais esperto com a vida, não cai mais nas velhas ciladas, não ri de qualquer coisa e chora por qualquer coisa (e acreditem, isso é bom). Traz também algumas certezas, como a pessoa com quem viveremos o resto da vida, afinal não dá mais tempo (olha ele aí) pra ficar eternamente procurando e nem mesmo, fechar os olhos quando a pessoa certa chega. Ficamos mais céticos com palavras de efeito, ficamos mais introspectivos e teimosos mas principalmente, ficamos mais medrosos ou cuidadosos ou precavidos, não sei. Penso que o tempo vem repleto mesmo é de um outro "eu" que insiste em se alojar na mente e a mudar a ordem das coisas como se a casa fosse dele, como se as antigas vontades e preferências de uma hora pra outra ficassem, como dizem os estilistas, démodé. O tempo leva amigos, pais, parentes, irmãos, primos, cunhados, conhecidos e ilustres desconhecidos, desses que a gente lê na lápide quando vai enterrar um dos primeiros. O tempo é, como diria meu amigo Francisco Mozar, um cearense arretado, um fidumaégua necessário.
O tempo leva a juventude da gente com a maior cara-de-pau e ainda deixa umas doencinhas de presente para não esquecermos que um dia vamos morrer e virar a lembrança das pessoas que nos conheceram e ainda estão vivas. Mas quando chega a hora do tempo levar a vida, é preciso que tenhamos aproveitado com sabedoria e parcimônia os deleites da vida para que esse fidumaégua nos leve realizados, felizes e fartos de dias.
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