quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

DE DUAS RODAS TODOS OS DIAS

A memória mais remota que tenho das minhas aventuras em duas rodas é uma competição de bicicleta em 1978 na escola em que eu estudava. Aprendi com o meu saudoso tio, José Bibiano Galvão ou Zé Pombo, como era conhecido por todos, o dono da kombi mais detonada de toda a cidade, a andar de bicicleta sem rodinha no mesmo dia e no (imenso e cimentado) quintal da minha casa.
No mesmo dia em que ganhei a tal caloi amarela, acho que já me apaixonei por esse negócio de andar em duas rodas, achava fascinante a mistura de medo e excitação em subir num equipamento projetado e construído para a diversão mas também para servir como meio de transporte.
Quando entrei na adolescência, ganhei uma bicicleta maior e como estava na idade de fazer pequenas compras, era constantemente "desafiado" pela minha mãe a ir à quitanda comprar isso ou aquilo. Essa tarefa, me trazia um certo temor excitante, uma certa tensão em sair de bicicleta com uma "missão", e isso era o suficiente para ficar "concentrado" o trajeto inteiro.
Depois da adolescência, o foco mudou para meninas e bate bola no campinho, deixando a bike de  lado. Sinceramente eu não lembro que fim essa bicicleta teve, se enferrujou, se foi dada ou se foi vendida. Confesso que não lembro.
Depois de muitos anos passados, já na casa dos trinta e poucos anos, por única necessidade de me locomover a baixo custo, comprei uma honda biz para andar pela cidade. E lá veio de novo aquele misto de excitação e medo que eu sentia na bike. Naquele momento, não dei muita importância, estava preocupado com problemas de adulto e por isso não dei asas para esse sentimento que me parecia até meio infantil naquele momento.
Assim que o tempo da biz ficar comigo passou, quando findou o tal trabalho, já estava pronto para me concentrar em outros objetivos como leitura e docência, quando fui presenteado com uma honda titan dourada de 150cc. Imagino que devo ter dado sinais de que me divertia com a biz, talvez estivesse estampado na minha cara que andar por aí de motoca, me deixava com cara de felicidade.
A titan era consistente e de manutenção muito barata, fiquei tão empolgado com ela que resolvi testar ir até Morros-MA, uma cidade balneário a 104 km da minha casa um trajeto relativamente curto mas desafiador para uma moto daquela cilindrada no meio de tantos caminhões, ônibus e carros muito mais velozes que eu. Quando finalmente cheguei em casa, disputavam liderança em mim dois sentimentos, uma dor na parte interna da coxa, como se eu tivesse ficado de castigo sobre um muro sem reboco o dia inteiro, causado pelo desconforto do banco estreito da moto por tanto tempo, e uma sensação de felicidade, de conquista que eu não experimentava desde a tal competição em 1978.
Daí então eu entendi que o meu coração tem cilindrada e que não largaria mais do guidão até quando Deus assim quisesse.
Deste dia em diante, foi uma questão de tempo para passar da titan para uma CB300, depois para uma CB600F Hornet, moto esta que tomou para si, um lugar eterno em meu coração, depois de me levar, mas não somente por isso, para Fortaleza-CE e Poços de Caldas-MG na mais absoluta fúria nas estradas. Hoje ando por aqui e por ali, diariamente com a minha primeira Yamaha, uma MT-09 que já tem em seu currículo, duas idas à capital federal e muitos sustos em baixa rotação, quando não coloco seu modo de pilotagem de "bons modos".
O futuro? Bem, o futuro a Deus pertence, espero me manter saudável e capaz o suficiente para curtir ainda, quem sabe, o falcão peregrino a hayabusa da suzuki ou simplesmente, me aquietar atrás do tanque de uma seca-sovaco confortável e estilosa até não ter mais idade para tais aventuras (se é que isso existe).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente com liberdade e bom siso