segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

POLÍTICA E RELIGIÃO NÃO SE DISCUTE?

Até pouquíssimo tempo, política era assunto proibido em qualquer roda de conversa. Era só alguém começar a falar do assunto para qualquer pessoa sensata sentada à roda dizer: "deixa esse assunto pra lá, política e religião não se discute". E realmente, ninguém deveria discutir política nesse tempo, as informações disponíveis sobre o assunto, embora abundantes em suas fontes oficiais, eram ignoradas pelo que o Emílio Surita, apresentador do programa pânico na rádio chama de "afegão médio". Ninguém queria saber de política. E os poucos que se importavam com algo parecido com política, eram cabos eleitorais em tempos de eleição interessados em uma "boquinha", um cargo comissionado pra chamar de seu ou por políticos profissionais a costurar alianças duvidosas com outros políticos profissionais independente das divergências administrativas e muito menos ideológicas entre ambos, o importante era assegurar o mandato na próxima eleição. Fora isso, a política como assunto corriqueiro em mesas de bar, reuniões de família e demais encontros sociais era mais que evitado, chegava a ser uma questão de bom senso desencorajar qualquer "embrião" de conversa sobre.
Graças a esquerda e seus numerosos intelectuais, hoje o chamado, "afegão médio" é um sujeito muito mais politizado. Hoje conhecemos o nome (e completo) de ministros, deputados estaduais e municipais, nos organizamos para não votarmos em legendas e participamos ativamente de movimentos políticos nas ruas e nas redes sociais.
Infelizmente pela perda da sua legitimidade e felizmente pela perda da sua representatividade, nos livramos de um governo caótico. A esquerda e seu representante máximo, o ex-presidente Luís Inácio da Silva (sim, o Lula é, originalmente, alcunha), enebriou-se (desculpem o trocadilho) com o poder e deixou ruir o mais forte, robusto e talvez o único sustentáculo verdadeiro da sua política - a brilhante (embora nefasta) retórica construída por muitas décadas, entre candidaturas fracassadas, mandatos e um tocante passado de perseguição política que nos envergonha e que, de certo modo, serviu como combustível durante muito tempo para discursos inflamados sobre liberdade, igualdade, distribuição de renda e reforma agrária. Deixou nas mãos da ex-guerrilheira do Var Palmares e do COLINA o importante papel de continuar usando a palavra para nos fazer acreditar no paradoxo de que tudo estava bem apesar de tudo. O que a ex-presidente Dilma Vana Rousseff conseguiu, foi colecionar discursos sem pé nem cabeça, memes e uma curiosidade coletiva sobre sua verdadeira capacidade administrativa.
Essa curiosidade bastou como "fio da meada" para suas pedaladas fiscais e investimentos duvidosos em outros países. A cada dia que passava, ficava mais evidente a ligação desse fio, com outra "meada" que começou a ser desenrolada pela polícia federal num certo posto de gasolina no Maranhão, meu tesouro meu torrão.
Depois de um impeachment, um presidente interino de quem tínhamos tudo a "temer", depois da campanha eleitoral mais barata da história política do país e uma legítima e democrática eleição direta, até a TV Senado, passou a ter audiência. A esquerda em seu papel de atrapalhar o governo em vez de vigiar e cobrar de forma efetiva por benefícios ao povo brasileiro, indiretamente nos mantém a par de tudo que acontece dentro e fora dos "bastidores" do poder. Suas mais que duvidosas intenções nos estimulam a procurar a verdade dos fatos, as fontes das fontes e, quase sempre, a esquerda ou alguém ligado a esquerda é o vilão da estória.
É por isso que acredito que devemos à esquerda este Brasil mais politizado e consciente. E daqui por diante, política e religião se discute sim. Mas religião é assunto para outra postagem e para outra revolução histórico-cultural.

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