quarta-feira, 26 de setembro de 2012

PELA JANELA

Onde moro, a janela do meu quarto dá para um descampado. Não existem edificações próximas que impedem que o vento entre pela minha janela rugindo e descobrindo minha cama e espalhando meus papéis pelo quarto.

Um dia desses, deitado curtindo um ventinho nas partes, comecei a divagar pelo que pode entrar pelas janelas da sua vida. Como "deu muito pano pra manga" resolvi compartilhar com você algumas coisas que passaram na minha mente enquanto curtia o ventinho que tanto desarrumou meu cabelo.

Imaginei que, assim como temos janelas em nossas casas por onde entram e saem muitas coisas, também temos janelas em nossa vida por onde entram e saem muitas outras coisas.

Existem coisas que são como o vento, entram e causam muito furor, mexem com tudo, no entanto não ficam, do mesmo jeito que entraram, saem e não deixam outra coisa a não ser o efeito da sua passagem.

Outras são como a poeira, entram sorrateiramente, não parecem estar mudando sua vida. Entretanto começam em pouco tempo a manisfestar sua presença. E quando você tenta continuar sem faxinar sua vida, sem recolher toda a poeira, você passa a fazer parte dela, com seus próprios passos, espalha ainda mais tudo aquilo em sua vida, até que se torna impossível continuar sem fazer uma faxina.

Hoje algo mudou em mim e eu não consigo outra explicação a não ser a presença incontestável de Deus em minha vida. Quando Ele entrou pela janela da minha vida, foi como uma música, que apesar de aparentemente não mudar nada, não vai deixar você igual o que era antes. E quando a música silencia, ela ainda se faz presente, dentro do seu coração e da sua mente. Cada verso, cada rima, as mais belas notas, tudo isso deixa marcas eternas que mudarão você para sempre.

Hoje algo mudou em mim e o que eu quero agora é avaliar tudo que entrou pela minha janela e ver o que realmente ficou e não saiu pela outra janela como o vento, o que entrou e ficou como a poeira nas frestas das lajotas, atrás das portas e debaixo dos móveis e o que entrou como um música que ainda ecoa pela casa.

No meio de tanta ventania, poeira nos olhos e tudo voando sem controle pela casa inteira, tudo para mim era zoada, barulho, gritaria e forró (sinônimo de zoada). Será que misturado a tanto barulho não deixei passar alguma música?

Ouvidos atentos!

CANDIDATO A VEREADOR

Vereador, ou edil, é o indivíduo eleito por voto popular para representar o povo à nível municipal no poder legislativo. O vereador atua nas Câmaras Municipais, com mandato de quatro anos, e tem a responsabilidade de defender os interesses da população, elaborar leis municipais e propor projetos e ações para melhoria da qualidade de vida no município. E eu tenho certeza que todos os candidatos que pleiteiam este cargo na minha cidade, estão cientes dessa responsabilidade.

Dada esta constatação, sugiro aos nobres e desapegados candidatos que evitem ressaltar seus números de registro em detrimento dos seus projetos. Pois como é de conhecimento público, o eleitor sempre foi às urnas movido pelo genuíno interesse no bem-estar da sua comunidade e certamente o conhece o suficiente para procurá-lo na urna e votar corretamente.

Tenho um orgulho cívico de despertar suavemente nas manhãs desses dias de campanha pelos criativos, impactantes, inspiradores e até mesmo lúdicos jingles de campanha.

Espero que os candidatos mantenham a postura impecável das suas candidaturas até o final da apuração dos votos e que os ganhadores desempenhem seu papel como representantes do povo com o fervor que ufana em seu coração cheio de patriotismo e boa fé.

Ironia? Não, esperança. Um dia vai ser assim!

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

JOSÉ E HERODIAS

O que você vai ler é uma história da Bíblia mas você não precisa acreditar na Bíblia, basta entender o que eu escrevi. Não serei hipócrita em dizer que não gostaria que sua mente fosse modificada pelo poder de Deus, mas se você simplesmente compreender o que vou dizer, já será muito bom.

JOSÉ FILHO DE JACÓ (ISRAEL)
Vendido aos midianitas pelos seus irmãos por inveja e em seguida vendido a Potifar para quem trabalhou como administrador da sua casa e dos seus recursos, sofreu assédio sexual da mulher de Potifar porque era bonito de rosto e de corpo.

Não pense que José não desejou a mulher de Potifar. O que o impedia era sua retidão de caráter por causa da influência de Deus sobre sua  vida. 

Potifar (ou seria Boitifar?) não o matou porque sabia a mulher que tinha. E na prisão, José revelou seu dom de interpretar sonhos o que o levou a interpretar um sonho do faraó, livrando o Egito de passar fome durante os sete anos de escassez que sucederam aos sete anos de fartura, levando-o então a ser nomeado governador do Egito, a segunda pessoa depois do faraó, ou podemos dizer, um vice-rei.

HERODIAS, MULHER DE FILIPE E AMANTE DE HERODES
Foi exposta publicamente por João Batista, acusada de adultério. Como João era um homem conhecido e respeitado, Herodias não podia matá-lo.

No aniversário do rei Herodes, estando ele já bêbado, queria se divertir com uma dança e Herodias imediatamente ordenou à sua filha Salomé que dançasse para ele. Salomé, como hábil dançarina que era, agradou tanto o alcoolizado Herodes que este disse no meio de todos os presentes que ela poderia pedir o que quisesse, até mesmo metade do reino.

Como Herodias estava cheia de ódio de João, disse a Salomé. Peça a cabeça de João Batista.

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José e Herodias, são duas histórias que falam de adultério sob óticas opostas, mas que trazem respostas idênticas. Na primeira, negar o convite de uma transa teve como consequência, o cargo de governador do Egito. Na segunda, o ódio por ter sido exposta publicamente como amante do rei, fez com que Herodias trocasse uma fortuna de presente pela dança de Salomé pela cabeça de João.

Não está registrado na Bíblia mas fico pensando em um suposto diálogo de pé-de-orelha entre Salomé e sua mãe Herodias:

- Mãe, a senhora tá ficando doida? É metade do reino, mãe. A gente nunca mais vai ter problema financeiro, a gente vai ficar rica, mãe. O que é que a gente vai fazer com a cabeça de João? Qual é mãe? Surtou?

Faça as escolhas baseado naquilo que é importante e não nos seus caprichos!

domingo, 16 de setembro de 2012

EDUCAÇÃO ABIT IMAÇI TAMBÉM FUNCIONA

Já que no post anterior eu falei do lado materno das mulheres, transcrevo aqui um texto bastante comum na internet. Por mais conhecido que seja, achei interessante trazê-lo novamente à memória dos internautas por carregar doses maciças de verdade entremeadas de um humor-verdade.

Apesar de condenado pela maioria dos educadores, psicólogos e terapeutas, o método abaixo funcionou conosco e por isso não saímos por aí sequestrando, agredindo, metralhando, roubando ou atropelando as pessoas.

SABEDORIA DAS MÃES:

Minha mãe me ensinou a VALORIZAR O SORRISO
- Me responde de novo e eu te arrebento os dentes!

Minha mãe me ensinou a RETIDÃO
- Eu te ajeito nem que seja na pancada!

Minha mãe me ensinou a DAR VALOR AO TRABALHO DOS OUTROS
- Se tu e o teu irmão querem se matar, vão lá pra fora. Eu acabei de limpar a casa!

Minha mãe me ensinou LÓGICA E HIERARQUIA
- Porque eu digo que é assim! Ponto final! Quem é que manda aqui?

Minha mãe me ensinou a MOTIVAÇÃO
- Continua chorando que eu vou te dar um motivo de verdade pra chorar!

Minha mãe me ensinou a CONTRADIÇÃO
- Fecha essa boca e come!

Minha mãe me ensinou sobre ANTECIPAÇÃO
- Espera só até teu pai chegar em casa!

Minha mãe me ensinou sobre PACIÊNCIA
- Pera lá! Quando chegar em casa tu vais ver uma coisa!

Minha mãe me ensinou a ENCARAR OS MEUS MAIORES TEMORES
- Olha pra mim e me responde quando eu te fizer uma pergunta!

Minha mãe me ensinou RACIOCÍNIO LÓGICO
- Se tu caíres dessa árvore e quebrar o pescoço eu vou te dar uma surra daquelas!

Minha mãe me ensinou MEDICINA
- Para de ficar vesgo menino! Se bate um vento tu vais ficar assim pra sempre!

Minha mãe me ensinou sobre TAXONOMIA
- Se você não comer essas verduras, os bichos da sua barriga vão comer você!

Minha mãe me ensinou GENÉTICA
- Tu és igualzinho o teu pai. Teimoso que só!

Minha mãe me ensinou sobre AS MINHAS RAÍZES
- Tá pensando que nasceu em berço de ouro? Que é rico?

Minha mãe me ensinou sobre EXPERIÊNCIA DE VIDA
- Quando tu tiveres minha idade tu vais entender!

Minha mãe me ensinou sobre JUSTIÇA
- Quando tu tiveres teus filhos e eles fizerem igualzinho tu estás fazendo, tu vais ver o que é bom pra tosse!

Minha mãe me ensinou sobre RELIGIÃO
- É melhor rezar pra essa mancha sair do tapete!

Minha mãe me ensinou até BEIJO DE ESQUIMÓ
- Se rabiscar de novo esfrego teu nariz na parede!

Minha mãe me ensinou CONTORCIONISMO
- Olha só essa orelha! Que nojo!

Minha mãe me ensinou sobre DETERMINAÇÃO
- Vai ficar sentado aí até comer a comida toda!

Minha mãe me ensinou VENTRILOQUISMO 
- Cala essa boca, não resmunga e me diz porque que tu fizeste isso!

Minha mãe me ensinou OBJETIVIDADE
- Te ajeito numa pancada só!

Minha mãe me ensinou a VALORIZAR A MÚSICA
- Se não abaixar esse som agora, quebro ele na tua cabeça!

Minha mãe me ensinou a VALORIZAR A EDUCAÇÃO
- Experimenta me aparecer aqui com nota baixa!

Minha mãe me ensinou a ter COORDENAÇÃO MOTORA
- Ajunta esses brinquedos agora! Um por um!

Minha mãe me ensinou ARITMÉTICA
- Vou contar até dez, se esse chinelo não aparecer você leva uma surra!

Obrigado mãe!

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

EUTERPE OLERACEA

Açaí, guardiã, zum de besouro um imã, branca é a tez da manhã. Olha, eu já tentei entender de todo jeito o que o talentoso Djavan queria dizer quando escreveu essa pérola e confesso que eu ainda não consegui.

Acho que essa letra surgiu num daqueles momentos em que o tico e o teco estão praticando bungee jumping. Mas o que importa é que se tornou um sucesso eternizado na voz suave desse cantor, compositor, produtor, arranjador, músico e poeta.

Neste post vou "pinçar" a palavra "açaí" para falar da boa juçara maranhense, uma bebida (ou comida, dependendo da quantidade de farinha) de sabor forte, marcante que não pode ser comparado a qualquer outra fruta. Tudo bem que ela pode ser encontrada também na Venezuela, Colômbia, Equador e Guianas, mas é somente aqui, e principalmente no Maranhão que colocamos nossa cultura, história e emoções no consumo desta iguaria.

Desde o tempo em que a professora Rosa Mochel morou no Maracanã e na mesma época em que ela sonhou com o projeto Casa de Alice, foi também  o tempo de embrionar em seu sítio a festa de sabor e tradição culturais.

Todos os domingos, de outubro a novembro no tempo da minha existência, muitos caroços de juçara foram deixados de molhos em baldes e bacias, esmagados por muitas garrafas de todas as cores e tamanhos em milhares de peneiras apoiadas em muitas, muitas coxas de todas as etnias mas certamente, em sua maioria negras.

Saboreou-se milhares de metros cúbicos de juçara nesses 42 anos de tradição e conversou-se, na terra preta do arraial da festa, muito miolo de pote e muita coisa séria e importante. Intelectuais, artistas e poetas se misturavam (e não se destacavam) ao povo simples do maracanã e ostentava-se no máximo sua cuia e colher trazida de casa. Era um tempo de alegria, simplicidade e fartura. Ninguém "batizava" a juçara pra ganhar mais. O objetivo era vender a melhor juçara, não vender mais juçara adicionando mais água que o necessário. Havia um código implícito de boa fé nas barracas de juçara.

Hoje a "Festa da Juçara" agoniza em seu leito, ferida de morte por radiolas de reggae, barracas onde sobra álcool e falta juçara e pessoas com os objetivos dos mais diversos, exceto o de tomar juçara.

Ainda é possível encontrar em São Luís, alguns lugares na periferia onde podemos comprar uma boa juçara. Não vem mais produzida pelo ritmo da batida do fundo da garrafa nem no balanço ritmado das mãos simples e lavadas esfregando e separando o caroço da polpa no fundo da urupema. É feita em frias máquinas motorizadas que trituram a casca, a polpa e poesia das minhas lembranças de infância, deixando cair na bandeja de resíduo, o caroço, a água e a saudade.
Registrei estas duas fotos durante num desses dias em que tomei juçara. A primeira é ela quase acabando na jarra de vidro. E a segunda é o belo desenho que fica quando se cumpre uma tradição terapêutica - tomar água na vasilha suja pra se esquivar da azia.

terça-feira, 4 de setembro de 2012

VIDA APÓS A VIDA

Recentemente, fui ao velório da Sra. Joana Muniz, uma mulher que certamente cumpriu o seu papel na vida e foi levada por Deus com muitos anos de vida contados. Observei a preocupação dos visitantes em transmitir uma certa tranquilidade aos parentes enlutados, falando de "descansou", "está melhor que nós", "foi para junto de Deus" e outras palavras de conforto semelhantes.

O que observei de importante além de ser homônima da minha saudosa mãe, foi o quanto é honrosa a morte dos idosos. Quando uma vida é interrompida na juventude, muitas coisas ficam por fazer, metas por alcançar, filhos por gerar, amigos por abraçar e outras tantas coisas que as circunstâncias impedem que sejam realizadas.

Mas quando morre um idoso, com tantos anos contados, filhos criados, uma vida inteira vivida, com todas as dificuldades, alegrias, desafios, tristezas, sortes, amores, paixões, temores e tantos outros sentimentos experimentados durante toda uma vida, percebo mais um momento de redenção do que tristeza. Um quê de "missão cumprida" que ressalta mais a vida do que a morte.

Então este post é minha homenagem a segunda Joana que vejo partir deste mundo com muitas coisas realizadas. E para não deixar de falar o que eu penso sobre a morte, leia novamente o título do post. Afinal, depois de 90 anos de vida, o que vem pela frente é muito mais vida. Se tem alguém que não passou pela morte, foram essas Joanas.