sábado, 22 de fevereiro de 2025

UM PAÍS EM ROTA DE COLISÃO COM O FRACASSO

A geração Z não estava viva quando o projeto de dominação e poder começou no Brasil.

Há muitos anos começaram a surgir no BR centenas de faculdades particulares.

As chamadas "pagou-passou", como ainda são rotuladas algumas faculdades particulares no seu alvorecer, contribuíram muito para o processo de assoreamento da educação brasileira, levando ao surgimento de um tipo muito perigoso.

O sujeito que acha que aprendeu algo relevante.

Se não estivéssemos vivendo esse empobrecimento educacional, eu não precisaria escrever este parágrafo, mas ei-lo: não são todas as faculdades particulares, há instituições sérias que fazem um bom trabalho com seu corpo discente.

Na outra extremidade dessa régua, temos as vendedoras de diplomas. Mas esse sucateamento não é privilégio das particulares, basta buscar no Google: "doutorados inúteis no Brasil" e você descobrirá como o dinheiro do contribuinte é sistematicamente desperdiçado em universidades públicas.

Também verá como uma pessoa pode parecer intelectual decorando as palavras certas, como por exemplo: "as dinâmicas das interações"; "fulano é um feixe de relações..." e a expressão que eu mais gosto: "processos multissemióticos".

O Brasil de hoje é o resultado de um longo e meticuloso trabalho de vulgarização do título acadêmico e de desertificação da produção científica e tecnológica.

Ninguém mais tem conversas profundas sobre nada. Fala-se apenas de pessoas, eventos e coisas. O mundo das ideias espatifou-se em cosmos individuais indiscutíveis. Hoje em dia uma pessoa pode usar publicamente a expressão "a minha verdade" sem parecer um imbecil.

Esse é um território já conquistado. Salvo honrosas exceções, basta dois minutos de conversa com um egresso do ensino médio para perceber o sucesso da primeira fase do projeto.

Hoje estamos na metade da segunda fase: dividir os seres humanos em pessoas do mal e pessoas do bem. E o mundo já dá claros sinais do sucesso dessa nova fase. Em muitos lares no BR e ao redor do mundo já temos um elefante na sala, como dizem os norte-americanos. Um tabu, um assunto no qual não podemos tocar.

E por se tratar de um projeto de poder, a política foi o condutor óbvio desse projeto. Por isso vivemos divididos em dois grandes grupos: a seita dos extremistas de esquerda e a seita dos extremistas de direita. Com a educação enfraquecida, nos faltam habilidades para a mínima compreensão da complexidade dos espectros políticos. 

Mas para o afegão médio não há espectro, é binário. Nós contra vocês.

Então o que nos resta é orar por dois milagres: primeiro, que esse projeto dê errado em algum ponto. O que, por si só me parece um caminho sem volta. E segundo, que surja diante de nós a oportunidade de trilharmos o caminho de volta.

Talvez levemos duas ou três gerações até conseguirmos tomar o caminho do verdadeiro crescimento como povo e nação. Coisa que aparentemente nunca fizemos.