sábado, 16 de julho de 2022

UMA DÚVIDA CONSUMISTA

Um dia desses, sentado em frente à TV no final do dia, dividia a minha atenção entre o celular e algumas cenas de um filme que eu já havia assistido. Era um desses besteiróis americanos onde eles fazem piadas sobre tudo, até com cenas de outros filmes famosos.

Deixar a televisão ligada enquanto mexemos no celular é algo muito comum hoje em dia. Nos habituamos com a "hiperconectividade" ou, simplesmente, padecemos disso sem perceber os prejuízos que nos causam. Só que este não é o foco deste texto.

Em uma das vezes que eu levantei a vista para ver o que estava acontecendo, havia um grupo de homens e mulheres festejando à beira da piscina. Eles com calções de banho quase no joelho e elas com aqueles biquínis enormes, praticamente impossíveis de ver nas praias e piscinas brasileiras.

A intenção da cena era passar sensualidade, mas para nós, brasileiros, muito menos puritanos, apenas aceitamos que é uma cena sensual. Aquele tipo de cena nunca nos convenceu. E detalhe, não era um filme antigo, portanto os biquínis e calções não eram de uma época mais recatada.

Foi quando me lembrei que acreditamos, durante anos, que carros explodem, que explosões podem ser ouvidas no espaço, que os vikings usavam um elmo com chifres, que bombas nucleares podem resolver o problema de um asteroide em rota de colisão com a terra, que Pocahontas se apaixona pelo John Smith e a mais recente: que a banda Queen participou do Live Aid com o Freddie Mercury já ciente de que estava doente.

Carros só explodem com explosivos, explosões no vácuo do espaço não podem ser ouvidas, foi ideia do figurinista das óperas de Wagner colocar chifres nos elmos dos vikings (que nem usavam elmo), bombas nucleares só agravariam a situação, Pocahontas, que na verdade se chamava Matoaka, não se apaixonou pelo explorador inglês e Freddie Mercury só descobriu que estava com uma doença fatal, até então desconhecida, em 1987.

Esses exageros e alterações dos fatos, próprios da indústria do cinema, não são coisas ruins, o objetivo é dar mais dramaticidade à trama. Quem não sabia que o Freddie Mercury participou do Live Aid dois anos antes de saber do diagnóstico fatal, achou a cena muito mais emocionante.

Há muito tempo que o entretenimento audiovisual, seja cinema, seja televisão, seja internet, é conhecido como uma ótima ferramenta de venda. Vende produtos, costumes e filosofias de vida. Redefine o que é felicidade, saúde, sucesso, amizade e prazer, por exemplo.

Mas diante daquela cena, daqueles biquínis mostrados como sensuais em "mais um besteirol americano", fiquei pensando: porque não vejo aqueles biquínis nas praias? Porque não compramos a ideia de que aquelas mulheres estavam em trajes provocantes?

Deixo a cargo dos mais sabidos dar resposta a essa pergunta.

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